Aquecimento mata 80% dos corais da Costa dos Corais entre PE e AL

Aquecimento mata 80% dos corais da Costa dos Corais entre PE e AL
Publicado em 29/10/2024 às 16:44

O aquecimento do mar, causado pelas mudanças climáticas, matou 80% dos corais da maior unidade de conservação marinha do Brasil, que fica entre Pernambuco e Alagoas. O levantamento é do Projeto Conservação Recifal.

Esse número é uma média, com alguns lugares da Costa dos Corais em situação pior ou melhor.

Os corais são famosos pelas formações coloridas. O mergulhador e pesquisador da iniciativa, Gabriel Ramos, diz que nunca houve um branqueamento das espécies como neste ano.

“O índice de mortes nesse ano surpreendeu e muito (…) Até porque 80% é quase tudo, né? Os 20% que ficaram não estão saudáveis. Não estão nem em condições de reprodução, algumas espécies”. 

Gabriel explica que o branqueamento dos corais tira o equilíbrio de todo o ecossistema, porque uma a cada quatro espécies dependem deles.

“A gente vai ter o desaparecimento de uma cadeia de animais – de peixes pequenos a maiores, moluscos, crustáceos – e  um impacto social.  Porque isso vai afetar diretamente as comunidades, as pessoas que dependem daquela área. Tanto no turismo, quanto na pesca”. 

Os corais são coloridos por causa das algas que vivem neles. Com o aquecimento da água, as algas são expulsas do ambiente marinho e, por isso, os corais ficam com a cor branca.

Isso não significa necessariamente a morte do coral, explica o professor da Universidade de Pernambuco e pesquisador do Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação, Múcio Banja.

“Quando as condições ambientais no local onde o coral está sobrevivendo, começam a voltar às condições naturais, os corais podem voltar a sua coloração normal. Nós estamos encontrando essa situação, hoje, em alguns pontos do litoral de Pernambuco. Em algumas áreas conseguimos ver a recuperação de quase 100% desses corais”

O professor ressalta que as mudanças climáticas são um problema global e defende que os países assumam o compromisso de respeitar o meio ambiente. Para ele, essas decisões devem levar em consideração qualidade de vida e sustentabilidade, e não questões financeiras.

* Com produção de Lucineia Marques